Naruto - quando ainda há esperança




Dentre os animes das duas últimas décadas, poucos são tão conhecidos  e amados como Naruto. Muitos jovens, crianças e adultos, se divertiram e se emocionaram acompanhando a história do garoto ninja que sonhava em ser  Hokage (líder de todos ninjas da aldeia) e é sobre esse anime  icônico que começarei uma série de posts.


Naruto Uzumaki - O início de tudo




A história tem início com a aldeia da folha (vila em que o protagonista mora) sendo atacada por um monstro conhecido como a "raposa de nove caldas". Quando esse monstro estava prestes a destruir toda a aldeia, o ninja mais forte, "O Quarto Hokage", se sacrifica selando o espirito da raposa em seu filho, salvando, assim, a todos da destruição. Infelizmente, o menino, ao invés de ser visto como um herói, acaba sendo conhecido como o garoto que tem o "demônio no corpo" (sic), sendo rejeitado por todos as crianças e adultos ao seu redor. Esse é o começo da história de Naruto.



Um caminho diferente - Quando ainda há esperança

Naruto cresceu órfão e sem nenhum amigo, sendo isolado e mal visto por todas as pessoas de sua aldeia. Como forma de fazer os outros o perceberem, fazia travessuras, atitudes que poderiam ser consideradas antissociais (contra as normas da sociedade), inclusive no primeiro episódio ele é influenciado a roubar um pergaminho secreto, essas atitudes e "molecagens" de Naruto nada mais eram, que um pedido de socorro, algo que acontece com muitos de nós na vida real.



Um autor muito famoso da Psicanálise chamado Donald Winniccot, em seu livro "Privação e Delinquência", ao estudar crianças que sofreram privação durante a vida, percebeu que muitas delas tem comportamentos delinquentes, antissociais, como resposta a algo que o ambiente (o lar e as pessoas próximas) não lhes deram. Porém, ele percebeu que esses comportamentos eram um meio dessas crianças "que não tinham mais jeito", se comunicarem e dizerem que há algo errado e que precisam de ajuda, pois, no fundo, elas ainda tinham a esperança de que alguém as acolhesse e sua dor sumisse, de voltarem a um estágio anterior. Segundo Winnicott (1987), se o meio, se as pessoas não respondessem a esse pedido de ajuda, o jovem poderia perder a esperança e, consequentemente, se perder para sempre na vida.

No caso de Naruto, no primeiro episódio do anime surge uma pessoa que acredita nele e que surge como amigo e figura paterna que ele não teve em toda sua vida, o "Iruka Sensei".

Precisamos de alguém que acredite em nós



No primeiro episódio, como já mencionado, Naruto é influenciado a roubar um pergaminho secreto por um homem que finge ser seu amigo. Ao realizar o furto o ninja passa a perseguir Naruto, para matá-lo e assim, fazer com  que o garoto assuma a culpa, já que ele é "ruim por natureza". Porém, quando isso está prestes a acontecer, seu professor da escola arrisca a vida para protegê-lo, segundo ele, Naruto não era um monstro, mas alguém extremamente forte, que mesmo com todos os problemas, tentava se manter feliz. 


Pela primeira vez, Naruto ouviu uma declaração real de carinho, amor e afeto de alguém, Naruto entendeu que existia alguém que estava sempre com ele. apesar de tudo. Ao final, Naruto derrota aquele que o enganou com o jutsu que aprendeu com  o pergaminho, salvando seu professor. De um garoto que não conseguia fazer um simples clone, Naruto aprendeu a fazer centenas de forma perfeita, sua maior fraqueza, se tornou sua maior força (assista que vai entender).



Uma ferida que cura outras feridas


No final do primeiro episódio, graças ao amor e a atitude de Iruka, Naruto sobrevive e tem suas forças  renovadas, entendendo que, nesse mundo, sua esperança de ser aceito, não era mais uma esperança, mas algo real. Ao decorrer do anime e mangá, Naruto encontrará pessoas que sofreram igual ele, com histórias parecidas, mas que se renderam a dor e ao o comportamento antissocial quem nem é descrito por Winnicott. Porém, Naruto, a partir da sua ferida, se identifica com essas pessoas, as vendo como iguais e tentar fazer por elas o que seu mestre Iruka lhe fez, algo que será descrito em próximas analises.


Renan Souza de Oliveira CRP 06/151946
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Referências bibliográficas

.WINNICOTT, D.W. Privação e Delinquência. São Paulo: Martins Fontes, 1987


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