Forrest Gump – a importância de narrar, ler e ouvir histórias

 




Forrest Gump foi um dos filmes mais premiados do ano de 1994, trazendo a vida de Forrest que, sentado num banco do ponto de ônibus, começa a contar sua história para pessoas que sentam ao seu lado. Sendo que a maior parte do filme gira em torno dos enredos narrados pelo protagonista e que encantam aqueles que ali dele se aproximam.

 
Forrest no vietnã

Forrest narra diferentes pontos de sua vida, seu nascimento, com o motivo do seu nome, sua infância problemática em que tinha problemas nas pernas e foi diagnosticado com um déficit cognitivo; sua adolescência como herói de um time de futebol americano; sua vida no exército em que se tornou um grande herói na guerra do Vietnam, perdendo seu melhor amigo e salvando seu tenente, entre outras diversas histórias que vão marcando a sua vida e daqueles que assistem suas narrativas

Entre todas as pessoas que passaram por ele, as histórias deixavam claro o grande amor e ternura que sentia por Jenny sua paixão de infância ao qual teve inúmeros encontros e desencontros durante sua vida. Ao final, descobrimos que ele estava esperando no ônibus para ir ao endereço onde Jenny morava, pois há muito tempo não a via, período pós um tempo que passaram morando juntos e que seguiram caminhos diferentes.


Forrest e Jenny

Ao encontrar Jenny, Forrest descobre que ele tinha um filho, em lágrimas ele pergunta: “ele é muito inteligente?” “É um dos melhores da classe”. Os dois novamente se aproximam e Jenny conta que estava doente, Forrest diz que gostaria de cuidar dela, Jenny o pede em casamento. O filme termina com a Morte do primeiro amor de Forrest e termina com ele cuidando de seu segundo amor, seu filho.

Forrest casando com Jenny

Forrest e seu filho

Sobre esse filme, ele nos traz muitos aspectos interessantes, como a história de Jenny e seu trauma de infância que a persegue por toda a vida, o suposto diagnóstico dado a Forrest quando criança, mas quero falar sobre um ponto central do filme, que é o quanto o narrar ou ouvir histórias pode ser transformador, e ajudar na construção de quem somos.



Na Psicologia Junguiana os contos de fadas, por exemplo, permitem a quem ouve ou lê, se identificar com os personagens e imaginar caminhos diferentes para eliminar ou diminuir conflitos pelos quais passa. Ouvir histórias, como no filme, ajuda no enfrentamento de problemas e na busca por soluções, a fantasia é nosso combustível interno, nos ajudando até a controlar nossas angustias (LEMOS E SILVA, 2012).

As histórias, na visão de diversos teóricos, tocam-nos profundamente, permitindo identificações e projeções (colocamos coisas nos personagens e vice versa), possibilitando esperança. Afinal, aquele que ouve, sabe que tudo se passou em outro mundo, porém sente que o bem que ficou serve para ele e os problemas no mundo onde ele está (LEMOS E SILVA,2012).

Forrest perdendo seu melhor amigo na guerra

Tenente Dan reconstruindo sua vida


Na história, nunca sabemos se o que Forrest conta é totalmente real ou não, mas isso pouco importa, a maioria das pessoas que sentavam ao seu lado, se impressionavam com o que ele contava, um misto de realidade e ficção. Alguns debochavam da irrealidade, entretanto, a grande maioria, ficava o ouvindo até o ônibus chegar, se identificando com a vida, pois Forrest, falava de trabalho, de infância, de guerra, de superação, de perda de pessoas importantes, de reconstrução como a história do tenente Dan e, principalmente, de seu grande amor, havendo grande identificação com ele de todos que lhe escutavam, sendo marcados de alguma forma.




Forrest se apropriou de sua história, e irrealidade ou não, elas lhe davam sentido, lhe ajudavam a se situar no mundo e, por uma estranha coincidência lhe ajudaram a seguir em frente, sendo isso simbolicamente representado, no momento em que a senhora após lhe escutar explica o endereço onde Jenny mora.  Nesse momento do filme, a história para de ser contada, com Forrest voltando a construí-la e vivê-la no presente de novo, talvez, no futuro, no pós-créditos, ele continue narrando suas experiências para o filho, afinal, ele é um contador de histórias.


Psicólogo Renan Souza
CRP – 06/151946

Instagram: @psirenansouza

LEMOS, A C; SILVA, N C. G. A função terapêutica da arte de contar histórias. Intersemiose, v. 1, n. 1, p. 7-23, 2012.







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