As vantagens de ser invisível e os dilemas da adolescência






O post dessa semana é sobre um filme que consegue demonstrar a adolescência com uma sensibilidade que poucos conseguem. As vantagens de ser invisível consegue tratar de forma simples e de maneira delicada os principais dilemas e dificuldades dessa época tão importante para a construção de nossa identidade pessoal.

O filme conta a história de Charlie, um jovem que acabou de entrar no ensino médio e que carrega com ele o fantasma da morte de seu melhor amigo e a culpa pelo que aconteceu com sua tia Helen que morreu em um acidente, quando foi buscar um presente para ele, quando Charlie ainda era uma criança.


No inicio, vemos os primeiros dias do adolescente em sua escola, que não são fáceis. Charlie não consegue fazer amigos  (com exceção do professor literatura) e passa a maior parte do tempo sozinho, seja no colégio ou em casa. As coisas mudam quando Charlie se aproxima de Patrick (chamado de "nada" por um professor e  pela escola toda) que logo lhe apresenta sua "meia-irmã" Sam, que se torna sua melhor amiga e, sem dúvida nenhuma, seu grande amor platônico.




Charlie carrega os fantasmas já citados, sendo um garoto  solitário e tímido, com dificuldades de expressar o que sente, exceto quando escreve, sendo  que ser escritor é seu grande sonho.



Patrick é um jovem que, além de lidar com o preconceito por ser homossexual, é rejeitado em público  pela pessoa que mais ama. Apesar de ser bastante sociável e bem humorado, é chamado de "nada" pela maior parte das pessoas na escola.


Sam, meia-irmã de Patrick, acaba sempre se envolvendo com rapazes que não são bons, por acreditar que não é digna de realmente ser amada, sendo que o motivo acaba se revelando durante o filme.




E é ao redor desses três que se desenvolve a maior parte da história, cada um deles possui suas próprias dificuldades, cada um deles se descobre aa sua própria maneira, sendo difícil não se identificar com preocupações que um dia já foram comuns para nós  que hoje somos adultos. mas que perdem importâncias quando amadurecemos.


A adolescência é descrita por vários autores clássicos da Psicologia, como Aberastury, Knobel, Erik Erikson, como uma crise de identidade, uma busca de si mesmo, algo que quase todos passam nesse período de transição entre a Infância e a vida adulta. Momento em que se começa a pensar sobre quem é, sobre, qual rumo quer seguir, em que se passa a enfrentar a realidade de que não é mais uma criança, que o corpo mudou, ou melhor, tudo mudou.


Na trama, isso fica muito claro. Vemos a preocupação e o medo em relação a entrada ou não na faculdade,  o anseio por ser realmente amado por alguém, as primeiras descobertas amorosas. Vemos a completa solidão se opondo a momentos de extrema euforia, além das dúvidas que surgem a cerca de si mesmo e a busca por aceitação e a importância do grupo,

Ao final da história, vemos um desfecho feliz para toda montanha russa que o trio passa. Sam e Patrick sobrevivem ao ensino médio e entram para a faculdade que queriam. Charlie com a ajuda de seus amigos, de sua família e de uma profissional, supera seus traumas e consegue seguir em frente mais fortalecido, mostrando que ajuda de um profissional também é valida para lidar com problemas que crescem ou aumentam ainda mais nessa fase.


Ultima cena do filme

Psicólogo - Renan Souza de Oliveira CRP 06/151946

referencias

KNOBEL, M. A síndrome da adolescência normal. Adolescência normal: Um enfoque psicanalítico, p. 24-62, 1981.

RABELLO, E.; PASSOS, J. S.. Erikson e a teoria psicossocial do desenvolvimento. Consultado em, v. 16, p. 08-13, 2008.

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